Desde o início da história da
igreja a quaresma é o período de preparação que dura 40 dias e simboliza,
conforme está na Bíblia, um período longo (40 dias de dilúvio, 40 dias de jejum
feito por Jesus), por isso as cinco semanas que nos separam para a celebração
da páscoa tem este nome de quaresma e tem um conteúdo muito rico na história da
igreja.
A igreja sempre teve dois grupos
fundamentais: O grupo dos iniciantes
(aqueles que se preparavam para serem cristãos chamados de catecúmenos –
estavam sendo catequizado/instruídos para aprender o segmento de Jesus e
durante o tempo da quaresma recebiam a formação mais intensa para poder receber
o batismo, a crisma e a eucaristia na vigília pascoal, no tempo de páscoa.
Além deste grupo dos que estavam
se preparando para se tornar cristãos, havia também um grupo dos que já eram da
igreja, já eram batizados, catequizados, mas tinham cometido pecados graves, e
os pecados graves da época eram adultério (traição no casamento) e homicídio
(tirar a vida de alguém) e depois foram incorporando os outros pecados (tudo
que vem contrariar a lei de Deus é considerado pecado).
Então o grupo
dos catecúmenos se preparava para o batismo, crisma e eucaristia e o grupo dos
penitentes (aqueles que cometiam pecados), no início da quaresma
faziam a sua confissão que na época era pública, confessavam seus pecados,
recebiam a penitencia para ser feita ao longo dos 40 dias, e só na quinta-feira
santa que eles recebiam a absolvição.
O
tempo quaresmal é o período de receber os que ainda não faziam parte da igreja,
receber de volta aqueles que haviam se afastado e realizar a intensificação da
vida cristã daqueles que estavam indo bem. Eram praticamente três
grupos, e o grupo daqueles que estavam
indo bem se responsabilizava por acolher os catecúmenos e por acolher de volta
os penitentes.
Porque
a quarta-feira de cinzas vem depois do carnaval?
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi4jfnQmCELj_z5v3VmOskOCmzV2IHlsGA8BcehgF98VGL-pUsiVX4uqsmux-LfIzWmjp1tCr1WDjNDGKbY-AYm67_3DAyxU-Bg7XmxJPKP8Z1MiUJuriaj-53mSMJaNuf-VUQTYygUtRtl/s1600/quarta-feira-de-cinzas-para-facebook-410x300.png)
Não!
Historicamente é o
contrário, a primeira data era a páscoa a partir daí seria chegar a
quarta-feira de cinzas e antes de começar esse momento sério de penitência,
sacrifício e luta. Havia um período de
descontração (período de brincadeira, período da vida mais solta, que era a época
de carnaval).
Não era um período liberado para o
pecado, mas era um período liberado para a descontração, alegria e todas
aquelas diversões que fazem parte do carnaval histórico que infelizmente foi
perdido, e foram acrescidas propaganda maciça com distribuição de camisinhas convencendo
o povo brasileiro de que o tempo do carnaval é para fazer tudo o que tem
direito, tudo que é maluquice, tudo que é orgia, tudo que é pecado desde que se
use a camisinha.
Essas camisinhas que dão um lucro
fabuloso aos seus fabricantes e também aos governantes que as distribuem que
não tem nada haver com o espírito original do período do carnaval. E que a
maioria do povo ainda tenta conservar através das escolas, blocos
carnavalescos, frevo, maracatu e tantos outros meios, que cultiva a
criatividade do povo e que ajuda a superar tantas angustias que passamos.
Infelizmente acontecem também os excessos, os abusos e tornando o carnaval um
período de devassidão que não tem nada haver com a sua história.
A
quaresma não é para reparar os pecados do carnaval é tempo para a conversão de
todos os seguidores de Cristo. Para que ajustem suas rotas (a
direção de suas vidas de acordo com o “GPS” que mostra o caminho). Nós todos
devemos ajustar o nosso caminhar na direção de Cristo.
![]() |
Mons. Antônio Motta |
A oração inicial no primeiro
domingo da quaresma diz: Senhor que ao longo desta quaresma, que possamos progredir
no conhecimento de Jesus Cristo, e corresponder ao Senhor com seu amor e com
uma vida santa.
E aí está o objetivo da quaresma,
esta é a proposta para nós cristãos: Crescer,
Progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder ao seu amor com uma
vida santa. Amém!
(Homilia da missa na quarta-feira de Cinzas - Matriz de Santa Teresa - por Mons. Antônio Motta)
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